Produzindo alimentos para a população de 2050
Nos últimos anos temos visto a mídia e o marketing de stakeholders do Agro utilizando de forma tendenciosa um dado da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura): "a produção mundial de alimentos terá que aumentar 70% para ser suficiente".
Trata-se de um estudo realizado pelos pesquisadores da FAO Alexandratos e Bruinsma, em 2012, e intitulado "World agriculture towards 2030/2050". O estudo é bastante completo e rico de informações e análise sobre a produção agrícola mundial para uma população de 9 bilhões de habitantes em 2050, e seria pretensioso da minha parte querer simplificá-lo em uma publicação breve como esta. Minha intenção aqui é explicar do que se trata este estudo, e de onde surgiram os 70% tão falados.
Nos estudos realizados por Alexandratos e Bruinsma (2012), sobre o futuro da agricultura mundial, os pesquisadores projetam que será necessário um aumento de 60% (sim, 60% e não 70%) na produção agrícola mundial de 2005/2007 para 2050. Este incremento de produção corresponde a demanda projetada, o que não significa que este aumento garantirá a segurança alimentar mundial, visto esta estar relacionada a diversas variáveis, como, desperdício, distribuição e poder de compra.
O ano base deste estudo, indicado como 2005/2007, refere-se a média dos anos de 2005, 2006 e 2007 da área, rendimento e produção para cada cultura e país. As projeções da produção agrícola e da terra foram realizadas para o maior número possível de produtos e países, sendo 105 países (ou grupos de países) e 32 produtos agropecuários.
As taxas de crescimento acima referem-se ao aumento do valor da produção, em dólares internacionais (Tabela 01). Isso porque, quando se fala em consumo de alimento e produção agrícola, as unidades normalmente usadas são calorias ou peso. Porém, somar volume de produtos heterogêneos, como, cereais, carne, laranja, abóbora, café, algodão, entre outros, não traria informações conclusivas. Isso vale para a soma de calorias de produtos heterogêneos, visto que produtos não alimentícios não possuem conteúdo calórico, como, o algodão, o tabaco ou a borracha. A tabela demonstra o aumento da população, oferta calórica e produção agrícola.
Tabela 01: Aumento da População, Oferta Calórica e Produção Agrícola.
Fonte: Alexandratos & Bruinsma (2012).
Este mesmo estudo realizado, pelos mesmos pesquisadores em 2006 indicava um aumento de 70% para o mesmo período, percentual este que foi e ainda é amplamente citado pelos diversos meios de comunicação.
O volume de produção projetado é possível de ser atingido atendendo a demanda das próximas décadas. Esta projeção considera que sejam mantidos o apoio contínuo à pesquisa, políticas agrícolas e outras condições como educação, crédito e infraestrutura para que a expansão da capacidade de produção seja viável ao produtor.
Fonte:
Tatiana Silva Borges
Eng. Agrônoma
Especialista em Gestão Estratégica em Negócios Corporativos
MBA em Gestão Comercial
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